quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Feng Shui Suado - A milenar arte chinesa ..... com suor e risos.


Ba-Guá - figura de oito lados, cada um representando uma área de convivência: trabalho, amigos, espiritualidade, família, prosperidade, criatividade, sucesso e relacionamento. O centro é representado pela saúde. Para aplicar os preceitos da técnica, o ponto de partida é sempre a entrada principal da casa, que deve ser representada pelo lado do trabalho.



Feng Shui (pronuncia-se "fong suei") é a arte milenar chinesa de organização dos espaços visando uma melhor harmonização dos mesmos.

O presente estudo é o resultado prático de parte desta arte - a que se refere à limpeza inicial, e está baseado em dados técnicos e revelativos ...

Os resultados que aqui serão apresentados não são, absolutamente, definitivos ...

Este trabalho não teria sido possível sem as revelações feng shuistas recebidas por minhas amigas Débora Flor do Dia e Cecília Shakti e teria sido praticamente impossível conclui-lo sem a colaboração de todas as poeiras, objetos e detritos que, juntamente com minha família, plantas e animais, habitam comigo, neste momento, nesta casa maravilhosa e que foram extremamente pacientes e colaborativos durante este período de trabalho e estudo.

Meu primeiro contato com o Feng Shui foi através de uma edição especial da revista Casa Cláudia. Gostei tanto do assunto que ele tornou-se matéria principal em muitas conversas.

Uma amiga, a Ceci, emprestou-me um livro com explicações detalhadas sobre a filosofia chinesa, os diversos itens que devem ser considerados para se aplicar o Feng Shui na casa, no escritório e as diversas maneiras de se arrumar os ambientes de modo a vivermos em maior harmonia com o que nos cerca.

Os bate papo sobre o assunto eram tantos que a Débora, muito sintonizada com o Ch'i, recebeu algumas revelações muito úteis para os nossos estudos e muito essenciais  para a parte prática dessa milenar arte. São elas:

  • No processo de limpeza inicial deve-se libertar as poeiras, objetos e detritos em desarmonia.
Na impossibilidade de fazê-lo ou levar a cabo a empreitada total:

  •  Deve-se  rearranjar os objetos e tudo o que pode ser considerado bagunça.


Resolvi então arregaçar as mangas e por em prática o Feng Shui pelo início - a limpeza. O resultado vem a seguir:

As poeiras realmente falam quando há alguém para escutá-las. Algumas tem certa resistência em decidir-se pela liberdade mas, como são pouco apegadas, um trabalho sutil de conscientização é sempre positivo. O diálogo deve ser calmo e franco. Deve-se explicar claramente que à partir daquele momento elas estão libertas, soltas e que podem partir alegres e livres, rumo a novos horizontes. E que o retorno àquele ambiente é possível mas deverá ocorrer em uma situação agradável a ambas as partes.

O trabalho, o ato de libertar as poeiras, deve ser extremamente amoroso, cuidadoso e possuir um certo ritmo. Um ritmo muito lento pode gerar inércia e descaso por parte das poeiras. Um ritmo muito rápido ou violento faz com que elas se assustem e debandem, à procura de outro abrigo. A comunicação deve ser carinhosa e permissiva, permitindo que elas exponham seus receios e/ou objetivos.

Jamais use força bruta, violência ou vocabulário agressivo. Uma poeira resistente hoje poderá estar desejando ardentemente a liberdade amanhã ou depois. Mantenha o diálogo e a firme disposição.

Os objetos também falam. Quando se passa tempo demais sem lhes dar atenção eles formam uma espécie de "sindicato do obscurecimento", deixam de cumprir suas funções e formam verdadeiros piquetes. Chegam a uma eficiência extrema de encobrir ou transformar determinados lugares ou objetos maiores tornando-os muito desagradáveis e até impossíveis de serem olhados ou tocados.

O trabalho de limpeza, acomodação ou libertação dos objetos requer muito tato e paciência.

Destine algum tempo para observá-los. Deixe-os falarem, apresentarem suas desculpas ou queixas. Eles poderão apresentar suas preferências ... o que será de grande valor para a harmonia geral do ambiente. Esta fase poderá durar alguns minutos ou até dias. Não tenha pressa. Ela será facilmente percebida como acabada pela própria aparência o objetos, do entorno e pela harmonia geral do ambiente.

Caso surjam muitas variante ou dificuldades com esta fase do trabalho deve-se utilizar a segunda revelação: rearranjar os objetos e/ou qualquer outra coisa que possa ser considerada bagunça. 

O rearranjo consiste em muda-los de lugar até que cheguem ao lugar final, o destino de cada um. Esta parte do trabalho é muito útil para aqueles objetos que vão se juntando em gavetas ou armários e que podem chegar a formar verdadeiros exércitos. Serve também para objetos retirados de seu lugar de origem e esquecidos em algum outro lugar - como copos no banheiro, toalhas sobre a cama e até meias na cozinha.

O novo arranjo deve ser feito amorosa e cuidadosamente, sem perder de vista que é temporário. Como os lugares serão escolhidos segundo a sua conveniência é desejável que outras pessoas, habitantes do lugar, participem ou sejam avisadas desse arranjo ... este cuidado evitará um surto geral de stress pela desordem temporária.

É bom também que o lugar temporário seja bastante inconveniente para a permanência do objeto. Isto facilitará o seu retorno para o lugar apropriado. Um copo que esteve esquecido na suite do casal poderá ser rearranjado para a escada. Qualquer um que estiver descendo poderá facilmente leva-lo até a cozinha ou ainda, até um lugar mais próximo da cozinha. 

O importante no rearranjo de objetos é manter bem claro que é temporário e que aquele não é o destino final.

No meu estudo, lidar com poeiras e objetos foi relativamente fácil. As dificuldades surgiram quando cheguei aos detritos.

Os detritos são, por natureza, mais densos e apegados do que as poeiras e os objetos e, em alguns casos, podem ter desenvolvido um elevado grau de apego. Por tudo isso eles requerem um tratamento mais direto e eficaz, com uma disciplina claramente definida.

O trabalho de libertação dos detritos deverá ser baseado na clara definição de limites e, dependendo do grau de apego, às vezes, é necessário ser enérgico, sem contudo usar demasiada força ou agressividade.

Tendo apresentado o trabalho inicial para a implantação do Feng Shui, gostaria agora de fazer algumas considerações finais mas não definitivas para aquele/a que vai se aventurar nessa tão bela arte e filosofia:

  • Esteja sempre atento/a ao seu próprio nível de energia, disposição e envolvimento. Caso algum deste níveis mostre acentuado decréscimo deve-se encerrar o trabalho e dar-lhe continuidade em outro horário ou dia mais propício. Pode-se utilizar a revelação de rearranjar rapidamente o que falta concluir para que não se crie uma atmosfera de abandono em relação ao trabalho iniciado.

  • Esse fator é muito importante e deve ser considerado com a máxima atenção pois as poeiras, objetos e detritos possuem uma sensibilidade muito grande em relação ao seu nível de envolvimento. Ao menor sinal de cansaço ou desinteresse de sua parte eles/as passam a trabalhar contra você. Aceitam seus argumentos e sugestões mas não se libertam realmente, só se deslocam para outro lugar.

  • Não perca de vista que o trabalho de libertação é constante e se renova a cada dia. E que é extensivo às futuras gerações.

  • E não esqueça o mais importante princípio do Feng Shui:  Nada guarde que não seja útil ou belo.





Indagação.

Na Natureza não existe o feio

o ruim

o mal.

A árvore é árvore

o vírus é vírus.

O que falta para o verme ser verme?

o vírus ser vírus?

e o homem ser homem?


"Foi no preciso instante em que os homens tomaram as impressões digitais do átomo que as estrelas se derreteram em lágrimas. O homem acabava de descobrir seus segredos. Não há nada acima. Não há abaixo. Não há nada grande. Não há nada pequeno. Os olhos se enganaram desde que se entreabriram emergindo das profundezas marinhas. Os ouvidos se enganaram. É preciso recomeçar tudo, de outra maneira. São as lágrimas das estrelas que me dizem. Como sei? É uma história bem inesperada, que tentarei contar algum dia, se as palavras-chave das traduções do invisível quiserem me obedecer. À minha cara Nelly, a única que pode compreender."  Abel Gance, 1955

Autoria.

Como saber quem é o autor do que escrevo?


Gostaria de dizer, como Gibran, que sou como a harpa e que o Absoluto a penetra e retira dela música harmoniosa.

Ou dizer, como Osho, que sou um sannyasin e que tudo em mim é reflexo do Divino.


Mas nada disso posso dizer. Pois eu não sei.


Às vezes, ao ler o que acabei de escrever, sinto que sou um dicionário onde estão registrados todos os livros, todas as frases de todos os autores que já li,

todas as frases e cada palavra de todas as pessoas com quem já conversei.


E que eu pego tudo e coloco em uma ordem diferente,

faço novos arranjos com idéias que já foram de muitas outras pessoas.


Às vezes, ao ler ou ouvir alguém eu penso:

"eu poderia ter dito ou escrito isso"

tal é o eco que as palavras fazem ao cair em meu ser.


Outras vezes, ao terminar de escrever ou pensar em algo sinto que isso é obra de um autor desconhecido,

vislumbrado mas não conhecido.


E então eu desejo que o autor desconhecido,

que fala por minha boca e escreve por minhas mãos,

seja o mesmo que atravessa a alma de Gibran e a transforma em flauta e em harpa



"Nada pode te acontecer. Tu pertences a tudo isso e tudo isso te pertence. Nada pode te acontecer"  Ludwig Anzengruber
                                  


domingo, 5 de janeiro de 2014

Vós colhestes! Agora tens que semear!



O seu caminho, o seu discurso, as coisas que ensina aos outros dizem muito sobre a sua busca, o que encontrou e o que aprendeu.

Até o presente momento, estando onde está, é sua responsabilidade ser fiel ao que ensina.

Por não ter ainda alcançado sua meta terá que confiar nos ensinamentos de quem lá se encontra e espera que eles sejam verdadeiros, honestos, confiáveis.

Assim o desejam os que absorvem os seus sinais.

De um professor se espera autenticidade.

Suas dúvidas, seu desnorteio, seus medos devem ser elaborados, tratados, exigem atenção não propagação.

Isso é responsabilidade. 

É por isso que um professor é importante. 

Ele ensina o que aprendeu para que outros não passem pelo que ele passou. 

Para que outros continuem em frente, para além dele.

De sonhos e nirvana ...



A iluminação é um processo contínuo. 
Do berço ao túmulo o homem só faz aprender, conhecer, compreender.

Em que instante esse processo é interrompido? 
Em qual instante um homem senta-se sob uma árvore sagrada e se torna um Buda?

Ao buscar concentradamente por uma única coisa, uma única questão, o homem deixa para trás o processo natural de iluminação, de aprender enquanto se vive e dedica-se a buscar a mestria em alguma coisa, em algum querer ou saber.

O encontro, a culminância dessa busca é a última escolha feita por ele.

Buda buscou conhecer porque o homem sofre e essa resposta é o seu samadhy e o seu ensinamento.

Osho buscou conhecer a mente humana e esse é seu samadhi e seu ensinamento.

Ramakrishna compreendeu a loucura humana.

Tantos foram e são os buscadores...

Muitos foram os homens iluminados. 
Alguns poucos possuíram o título. 
A maioria deles está por ai, no meio das gentes, falando língua de gentes e discorrendo sobre coisas simples, cotidianas.

Atrevo-me a dizer que esses são os que ousaram ir para além do mental e, tendo aprendido aquela estranha língua sem sons e sem imagens, foram capazes de voltar a ser o que eram antes de iluminar-se e compartilhar a colheita. 
Sem necessidade de criar um novo idioma, 
um novo ramo de conhecimento, 
uma nova doutrina.

O plano da iluminação está aqui, no meio de nós. Esperando pacientemente que pelo menos uma massa crítica aceite fazer dele uma opção. 

Quando todos ou, pelo menos, uma maioria, se convencer que nós somos os criadores de mundos e mundos...
Não há chegada. Só separação. 
O homem sente, o homem cria. 
O homem deseja, o homem cria. 
O homem sonha, o homem cria.

O homem - O Criador de mundos, de realidades
O Criador que não se assume como tal.




Sobre olhos e olhares ...




No fundo do olhar a tristeza...
os olhos dizem: sofro por saber a dor que já enfrentaste e a que ainda enfrentarás.

No fundo do olhar a alegria compartilhada...
os olhos dizem: alegro-me por saber aonde chegarás e antecipo seu contentamento pela ilusão desfeita e alegria que alcançarás.

No fundo do olhar o desprezo...
os olhos dizem: eu tenho que me defender de você pois na sua estupidez você é capaz de ferir a si e aos outros pois chamas de sabedoria o que é ignorância, non sense.

No fundo do olhar a serena igualdade...
os olhos dizem: eis-nos aqui, finalmente nos reencontramos; somos iguais.

No fundo do olhar a insanidade...
olhos que não falam só prescrutam, indicam o desconhecido, o insano.


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O primeiro insondável, profundo. 
Aponta para o passado. 
Para tudo o que já se passou para estar neste aqui, neste agora. 
E tranca a passagem. 
Tranca a passagem para que o futuro não faça com o presente o que o passado fez com o futuro. 
Uma porta. 
Uma barreira e ponto. 
Olhos que conhecem o que tudo custa para o homem.

Quando da primeira vez naqueles insondáveis olhos os meus pousaram, apaixonei-me. Amei desesperadamente todo aquele saber. Um saber feito pelo sofrimento do viver real humano. Um saber não da mente, do intelecto. Um saber feito de corpo, suor, lágrimas, sangue e risadas. Um saber gente. Mas a tristeza me contagiou. Impregnou-se nos meus saberes e aquele gostinho de apocalipse que eu já possuía, se acentuou. 
É com tristeza que procuro rever em algum rosto aquele olhar e não mais encontro.


O segundo cristalino, puro convite de lucidez e êxtase. 
Aponta para o tombo. 
A queda próxima e iminente das ilusões e crenças. 
Mostra um depois. 
Depois do tombo. 
Uma nova vida, uma nova era. 
Olhos que conhecem o que realmente vale a pena.

Quando da primeira vez naqueles olhos cristalinos os meus pousaram, apaixone-me. Pensei ter chegado ao Nirvana. Ocorreu-me que a iluminação deveria ser isso: olhos límpidos, cristalinos, capazes de nos fazer vislumbrar um agora e um depois sensacional, maravilhoso. Mas a ironia me machucou. Feriu-me profundamente. Também esses já não encontro mais.


Um dia meus olhos pousaram em outros olhos. 
Hoje reconheço que isso já havia acontecido no passado mas não me dei conta, senti medo. Medo gelado.
Olhos inescrutáveis, olhos-pedra.
Toda a minha hierarquia ocular mudou. 
Quis desesperadamente um contato, mesmo que fosse só visual 
mas esse olhar nunca se demora muito sob um mesmo alvo...
A cada vez eu o perco. É fugidio.
Falam de meiguice, de tolerância, de crueldade, de austeridade.
Para mim eles falam de algo novo, precioso demais para se expor.

E de saudade em saudade, de admiração em admiração
muito tenho encontrado em olhos, conhecidos e desconhecidos
às vezes esperança, às vezes confidências
às vezes medo, desespero. Mas sempre alegria.
Esperançosa alegria
mesmo num piscar de olhos.