Se eu não estivesse aqui
não haveria tempo.
Mas se eu não estivesse aqui
eu não teria necessidades
nem de âncoras, nem de ganchos, nem de cordas.
O tempo escoa
Nunca tenho a totalidade que necessito
Nunca sou total
Nunca possuo todos os recursos necessários
Nem para ser, nem para ter
E o tempo escoa
O tempo voa para longe de mim
Mesmo em quânticos pensamentos e estratégias.
Penso em âncoras, em para-quedas.
Penso em pedras ao longo da veloz correnteza,
Penso em cordas, em ganchos. Penso em S.O.Ss.
Penso em agora.
Penso em rezar, pedir, rogar.
Me perco do tempo. O tempo se perde de mim
São verões e outonos
São primaveras invernais
São invernos e recolhimentos
E então, no tempo eu me acho
Mas o inverno já chegou
E todo o sentido se vai
A busca termina
Agora, só o que preciso, é calor.
Parei para pensar no tempo
era verão
Agora é inverno
sobrevivi.
Eu olho o tempo passar
e ele passa
escoa
escorre.
Vendo o passar do tempo
olho o tempo a passar
não cabe nele as minhas necessidades
não cabe nele o meu pesar.
Necessidades são criadas no tempo
filhas da urgência do seu passar
Entendo que eu também passo no tempo
sempre a escoar.
Fiz as passes com o tempo
Resolvi necessidades avaliar
Se tudo passa com o tempo
Isso também passará.
Eu tenho tempo e eu tenho pressa.
Se paro no tempo
Tenho o tempo a me atropelar.
É parte do meu labor
Viver e necessitar.
Necessitar e viver
E ver o tempo passar.
Eu vivo no tempo
a cuidar e a criar.
Se preciso e não consigo me ponho com o tempo brigar.
Necessidades são eternas,
São o quinhão do meu cuidar.
Entre apegos e desapegos
no tempo sempre a passar.
Sejam ondas, correntezas,
ventos fortes a soprar,
os aguadeiros conduzem a água, os lenhadores estão a cortar.
Me agarro ao invisível passar do tempo,
me atenho ao meu cuidar;
nesse tempo sempre a passar preciso de tudo em um mesmo lugar.
Passo o tempo vendo o tempo passar,
cuido e crio com o que consigo arranjar.
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